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Grupo de Gestante: Uma Experiência em Clínica Privada

Painel apresentado em congresso

por Aline Melo de Aguiar, Vitória Pamplona e Anamaria Moreira Pinho

GrupoGestante
Introdução

Receber a notícia da gravidez pode gerar sentimentos intensos e antagônicos, é um período que traz para a mulher muitas fragilidades, dúvidas e medos. Sendo um momento de mudança de papéis, reorganização familiar e psíquica.

Independente do número de filhos que a mulher tenha, cada gestação é única e envolve preocupações específicas. Preocupações estas que podem refletir no trabalho de parto e na integração do novo membro ao seio familiar.

Acompanhar uma mulher com um olhar e uma escuta que possam agir nas entrelinhas desta gestação, buscando amenizar estas aflições, pode representar um trabalho de parto mais breve, menos ansioso e, em consequência, menos doloroso física e psiquicamente.


O grupo de gestantes tem como objetivos
  • Acolher mulheres durante o período gestacional com o objetivo de esclarecer a fisiologia deste período, bem como, as questões emocionais peculiares.
  • Fornecer conhecimento sobre o período gestacional, parto e pós-parto nos aspectos fisiológicos e emocionais.
  • Fornecer informações sobre os diversos tipos de parto.
  • Permitir a expressão de sentimentos relacionados ao período gestacional e à maternidade.
  • Abordar aspectos sócio-econômico-culturais relativos à gestação e à maternidade.
  • Abordar aspectos educacionais quanto ao planejamento familiar.


O objetivo deste trabalho é apresentar uma vivência com grupo de gestantes em clínica privada e o quanto ainda temos que caminhar para que o índice desejado pela OMS para nascimentos de parto normal seja atingido no Brasil.


Metodologia

O trabalho com as gestantes compreende aulas expositivas, dinâmicas de grupos e exibição de vídeos.

Os encontros são semanais com duração de duas horas. O grupo é cíclico e as gestantes podem participar de quantos encontros desejarem.

O trabalho é embasado teoricamente em Psicodrama e Psicologia Cognitivo Comportamental.

Os temas são discutidos através de aula expositivas, dinâmicas de grupo e filmes e em todos os encontros são realizados trabalhos de relaxamento e respiração.

Através da metodologia proposta, aborda-se os seguintes temas:

  • Gestação – desenvolvimento gestacional, aspectos físicos e emocionais do ciclo gravídico puerperal.
  • Parto – etapas do trabalho de parto, tipos de parto, alívio de sintomas dolorosos de modo não medicamentoso, o pai no parto.
  • Pós-parto – modificações corporais e emocionais, organização da rede de apoio.
  • Amamentação – técnicas de amamentação e importância da mesma para vinculo mãe-bebê.
  • Cuidados com o bebê – banho, umbigo, ofurô, tipos de choro, cólicas, necessidades e características do recém-nascido.
  • Desenvolvimento infantil (0 a 12 meses) – principais características e marcos do desenvolvimento.
  • Papel do pai / família – como inserir o pai e a família na chegada de um bebê, rede de apoio e relacionamento familiar, levando em conta crenças e valores culturais.
  • Planejamento familiar, abortamento, reprodução assistida e adoção.

Resultados

O estudo foi realizado no período de 24 meses, com início em setembro de 2007 e término em agosto de 2009, com 22 gestantes/mães, com idade média de 34 anos, tendo a mais nova 26 anos e a mais velha 42 anos, todas do Rio de Janeiro.

As informações foram retiradas dos prontuários das gestantes e de alguns relatos espontâneos que nos foram enviados sobre a vivência subjetiva de participar de um grupo de apoio com cunho educativo e terapêutico.

Das 22 gestantes, 100% têm curso superior e 64% pós-graduação, 73% desejavam o parto normal, entretanto, apenas 27% conseguiram, mesmo com estímulo ao parto normal através de apoio emocional e informações evidenciando o benefício desta via de parto.

Esse índice mostra que ainda estamos muito longe dos 15% de parto cesáreo recomendado pela OMS.

Em contrapartida, também com o foco constante do grupo em aleitamento materno exclusivo até 6 meses de idade do bebê, 100% desejava aleitar e 73% conseguiu, contra 27% que iniciou complementação antes deste período.

A participação do pai no grupo, com o objetivo de que este pudesse encontrar seu lugar no ciclo gravídico-puerperal, também foi estimulada e cerca de 60% participou de todos os encontros.


Autoras

Aline Melo de Aguiar – Psicóloga, Mestranda em Psicologia Social do Instituto de Psicologia da UERJ

Vitória Pamplona – Psicóloga, Mestre em Educação

Anamaria Moreira Pinho – Professora Adjunta da UERJ, Pós-doutoranda em Psicologia Social do Instituto de Psicologia da UERJ