A Pet Terapia no Combate à Depressão da Terceira Idade: Um Estudo da Crença dos Idosos

Painel apresentado em congresso
por Alexandre Monteiro e Aline Melo de Aguiar

Este trabalho teve por objetivo saber se os idosos acreditam que a presença/companhia de um animal de estimação pode ajudar a combater a depressão, que na terceira idade pode advir de perdas e lutos (aposentadoria, viuvez, complexo do “ninho vazio”,…). Definidas as hipóteses deste estudo, procuramos demarcar a seleção e a localização das fontes de informação, e assim, optamos por um estudo bibliográfico e uma pesquisa de campo. Em relação à amostra do nosso estudo, a tipologia desta é não probabilística, classificada mais precisamente como “intencional” ou de “seleção natural”. Os elementos da nossa pesquisa não foram selecionados aleatoriamente, mas de acordo com uma estratégia adequada, entrevistamos idosos nas praias da Zona Sul da cidade do Rio de Janeiro, de ambos os sexos e que não apresentavam nenhuma deficiência física e podendo estar ou não na presença de um animal de estimação. A amostra não probabilística não é representativa do universo e, portanto, é impossível a generalização dos resultados da pesquisa à população. Os resultados têm validade para um grupo específico, em especial, o grupo que estudamos.

Introdução

O envelhecimento, como um fenômeno universal, resulta de baixos índices de mortalidade infantil, de melhoras no atendimento de saúde e no estilo de vida que o longevo levou no curso de sua vida. Não existe uma medida confiável da velhice, embora a maioria dos gerontologistas tomem a idade de 60 ou 65 anos para seu início – no Brasil, o Estatuto do Idoso (Lei nº 10.741, de 1º de outubro de 2003), define idoso como uma pessoa com 60 anos ou mais. É aproximadamente nesta idade que se torna aparente o declínio em muitos processos físicos e psicológicos. Hoje, 70% da população ocidental viverá mais de 65 anos enquanto que em 1900 apenas cerca de 25% da população teria esta esperança de vida (BRODY, 1988 in HAMILTON, I. S., 2000).

Os processos psicológicos do envelhecimento têm, na maioria das vezes, a depressão como consequência; seja pelo falecimento do cônjuge, casamento dos filhos, aposentadoria, declínio na vida social, …, enfim, o sentimento de utilidade que no decorrer da vida lhe era preponderante deixa de estar presente em alguma fase do envelhecimento.

Com base nesta “depressão”, objetivamos este trabalho a saber se existe alguma influência de um animal de estimação em uma possível autonomia relacionada à depressão nos longevos.

Ter um animal nos compromete a cuidar de alguma coisa fora de nós mesmos. Significa ser responsável pelos desejos e necessidades de um outro. Tal relacionamento entre os humanos e os bichos cresce somente com um espírito generoso. Contudo o valor de um relacionamento com um animal, como tudo na vida, é diretamente proporcional à energia e ao cuidado que investimos. Se nós estamos querendo aprender e mostrar respeito mútuo, os animais podem nos ensinar muito acerca da vida. A observação do ciclo de vida de um animal ajuda-nos a entender melhor as nossas próprias fases da vida. A experiência da morte de um animal de estimação ajuda-nos a entender a nossa própria mortalidade. A tristeza causada pela sua falta é uma intensa experiência humana, e o sentimento de perda deve constar do nosso cardápio dos eventos da vida.

Em vista da formulação teórica acima, formulou-se o seguinte problema: A posse de um animal de estimação contribuiria para a redução da depressão em longevos?

Em consequência ao problema formulado, chegou-se à seguinte hipótese: Haveria uma diferença significativa entre a população que possui e a que não possui um animal de estimação, com relação à ideia da contribuição do animal de estimação para a redução da depressão dos longevos.

Método

Foram entrevistados 95 longevos de idades compreendidas entre 60 e 92 anos de idade, de ambos os sexos, nas praias da Zona Sul da cidade do Rio de Janeiro e que não apresentavam nenhuma deficiência física, podendo estar ou não na companhia de um animal de estimação.

Formulou-se um questionário com dez perguntas das quais oito eram de respostas objetivas e duas perguntas com respostas subjetivas, contendo resposta simples, onde a grande maioria dos entrevistados respondeu com apenas uma palavra.

Os entrevistadores abordaram os longevos nas praias da zona sul e lhes fizeram as perguntas pré-definidas no questionário. A maioria dos idosos mostrou grande receptividade em participar da pesquisa, tornando, assim, o trabalho mais prático.

Após a coleta dos dados, estes foram tabulados e foi feita uma análise estatística, análise de gráficos e sua interpretação.

Resultados

Sexo e idade – O Gráfico 1 nos mostra o percentual da totalidade dos entrevistados. A barra de cor verde mostra o percentual de todos os entrevistados dentro de cada categoria. A barra de cor amarela mostra o percentual categórico do sexo masculino e a barra de cor vermelha mostra o percentual categórico do sexo feminino.

Problema – De acordo com a crença dos entrevistados, o gráfico 2 mostra que 87% acreditam que a posse de um animal de estimação contribui para a redução da depressão.

Hipótese – O gráfico 3 mostra que há uma diferença signifi-cativa entre os níveis da variá-vel independente submetidas ao teste, pois a margem de erro aceitável para estabelecer uma igualdade era de apenas 0,05.

Conclusão

Concluímos que grande parte dos entrevistados acredita que a posse de um animal de estimação contribui para o combate da depressão na terceira idade. Muitos dos entrevistados que possuem um animal de estimação ganharam ou adquiriram seu animal para combater a solidão, pois muitos são viúvos, desquitados, não têm parentes e viviam sós.

A vida dos idosos que possuem um animal de estimação mudou bastante após adquiri-los, pois muitos justificaram que passaram a ter um objetivo na vida, uma companhia, passaram a fazer mais exercício, passaram a cuidar mais da sua própria higiene pois passaram a cuidar da higiene do seu animal também, e o lado desagradável é que as despesas aumentaram, mas este aspecto, segundo os idosos, é altamente compensador.

Quanto ao sentimento dos entrevistados pelo seu animal de estimação, a maioria, 52%, admite sentir amor pelo seu animal. Outros sentimentos, como carinho, gratidão, alegria e plenitude, foram citados, totalizando 38% e 10% dos entrevistados afirmam que seu animal é seu segundo filho, ocupa o lugar do filho que foi embora ou já faleceu ou é o filho que não tiveram.

Bibliografia

  • CARIOU, M., – Personnalité et vieillissement – Introduction à la Psycho-Gérontologie – DELACHAUX et NIESTLÉ, Paris, 1995.
  • HAMILTON, I. S., – A Psicologia do envelhecimento – uma intro-dução. – 3ª edição, Artmed editora, Porto Alegre, 2002.
  • VUILLEMENOT, J. L., – La personne âgée et son animal – Edi-tions Erès, Paris, 1997.